sábado, 1 de fevereiro de 2014

Um pouco da vida da maior estilista do século XX

Gabrielle Chanel

Infância de Chanel

Gabrielle perdeu sua mãe aos doze anos, seu pai desapareceu e ela foi educada num orfanato de irmãs de caridade. Nasceu num hospital para indigentes em Saumur. Jamais conssentiu com a realidade e passou toda a vida adulta reinventando sua história. Passou toda a sua vida rompendo relação com pessoas que conheciam pequenos detalhes de sua história que não se encaixavam na lenda que criara. Transformou seu imprestável pai num grande negociante de cavalos e negou que tivesse irmãos e irmãs.

Juventude difícil de Chanel
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O orfanato ensinara Gabrielle a costurar com capricho, suas tias Louise e Adrienne (ambas irmãs de seu pai Albert Chanel), ensinaram-lhe a costurar com criatividade. Gabrielle completou dezessete  anos em 1890, iniciando seu último ano no orfanato. Depois dos dezoito, as freiras só ficavam com as meninas que aspirassem ao noviciado. Gabrielle e sua irmã Julie passaram da idade de frequentar o orfanato e então a avó arranjou para elas, com a ajuda das freiras, uma instituição em Moullins. O pensionato de Notre Dame era uma escola de aperfeiçoamento para senhoritas, um estabelecimento onde as futuras esposas de oficiais e cavalheiros aprendiam a administrar a vida doméstica. A avó das meninas Chanel não tinha dinheiro para pagar as mensalidades e elas foram aceitas como caso de caridade, tendo que trabalhar no pensionato para seu sustento. Algum tempo depois Gabrielle teve permissão para se juntar com sua tia Adrienne no trabalho de balconista numa loja de lingeries e meias femininas. Gabrielle e Adrienne moravam com seus patrões e dividiam um sótão no terceiro andar. Quando Gabrielle completou vinte e um anos, alugou um quarto na parte pobre de Moullins. Era o máximo que ela podia pagar. Logo depois sua tia Adrienne foi morar com ela. Espalhou-se a notícia de que as mulheres que precisassem reformar seus guarda-roupas poderiam procurar pelas jovens Gabrielle e Adrienne Chanel. 

Gabrielle conhece Etienne Balsan, sua vida irá mudar

Aos vinte e dois anos Gabrielle conheceu Etienne Balsan, mesmo não estando exatamente apaixonada por Etienne Balsan (sabia que ele tinha uma amante), Gabrielle sentia-se feliz por escapar da pobreza de seu passado e da vida medíocre que pessoas de seu tipo certamente encontrariam na província. Faria qualquer coisa para escapar do destino de sua mãe. Na condição de órfã sem dote, não podia esperar atrair jovens honrados que estivessem à procura de uma esposa, mas ela tinha beleza suficiente para aspirar à outra solução buscada pelas jovens sem dinheiro, arranjar um protetor. Gabrielle completou vinte e cinco anos em agosto de 1908. Não queria ser como as outras mulheres, eternamente dependente dos homens, de seus caprichos, de seu dinheiro. O que aconteceria com ela quando Etienne, encontrasse outra mulher. Seu futuro a  deixava preocupada.

Chanel se apaixona

Aparece na vida de Chanel, Arthur Capel, jogador de pólo e conquistador. Capel não tinha tanto dinheiro quanto Etienne, e Coco dependia da generosidade de seu ex-amante para vender seus chapéus, negócio próprio que conseguiu a duras penas, com muita insistência, pois Balsan não acreditava no sucesso de tal empreendimento. Muitos de seus amigos perguntavam-se sobre qual seria exatamente a natureza da relação entre os três, alguns chegaram a insinuar que os dois homens talvez a dividissem. 

O início do sucesso de Chanel 

O começo do trabalho de toda a vida de Chanel estava na feminilização das modas masculinas. Suas primeiras clientes foram as antigas amantes de Etienne. Essas mulheres, por sua vez, trouxeram suas amigas. As clientes de Chanel, cada vez mais fervorosas, encorajaram-na a expandir seu ramo de atuação. Suas coleções passaram a incluir suéteres e blazers. Introduziu os trajes de tecido xadrez e a moda escocesa, as calças de boca de sino, as jaquetas curtas e os casacos cruzados na frente e acinturados ao estilo militar. Chanel também tornou o jérsei chique, com vestidos simples em tons de cinza e azul escuro. 

Chega a primeira guerra mundial

No período da primeira guerra mundial, a loja de Chanel era a única aberta. A guerra favoreceu Coco. A moda das roupas transformava-se totalmente. a escassez de material, supostamente, encurtou os vestidos, enquanto a escassez de metal ajudou a acabar com os espartilhos. Com a guerra estava difícil conseguir tecidos. Com a ajuda de Capel, Coco arranjou tweeds e tecidos de fio cru vindos da Escócia. Jacques e Robert Balsan, ajudaram-na a obter casimira fina, além de coloca-la em contato com os fabricantes de seda em Lyon. Ela escolhia tudo sozinha (rendas, acessórios, cores). O orfanato havia ensinado Chanel a improvisar com pedaços e retalhos, a aproveitar o que estivesse à mão, a trabalhar com o material disponível. Ela percebeu que a guerra exigia uma moda que levasse ao resgate, à recuperação, que fosse simples e funcional, e que pudesse ser feita de aproveitamento de retalhos. Capel e Coco estavam ficando ricos. Capel tinha muitas mulheres em sua vida. Chanel sabia disso. Capel acabou noivando com outra mulher e se casou em outubro de 1918 com Diana Lister Wyndham. Acabou morrendo em um acidente automobilístico em 1919. Morrera o único homem que Chanel realmente amou. 

O lançamento do perfume Chanel N 5

Coco fez quarenta anos em 1923. A ocasíão foi celebrada com o lançamento do chanel n5, o perfume que se tornaria um clássico. Eram oitenta ingredientes ao todo na fórmula do perfume, isso fez com que o perfume se tornasse um dos perfumes mais caros do mundo e mesmo assim um dos mais vendidos. 

Propaganda do perfume Chanel N 5 com Marilyn Monroe

Segunda Guerra Mundial

No dia 26 de agosto de 1939, o governo francês ordenou a mobilização geral. Era a iminência da Segunda Guerra Mundial. Três semanas depois, Coco fechou a casa Chanel . Sem aviso prévio, dispensou todos os funcionários. Apenas a loja de perfumes permaneceu aberta. Chanel estava amargurada, cansada, desanimada. Com a invasão das tropas alemãs à Paris, a população estava fugindo. Chanel fugiu para o sul da França. 

Surge Christian Dior no mundo da moda

Chanel estava realmente rica, mais estava se apagando do mundo da moda. No dia 12 de fevereiro de 1947, Christian Dior surge no mundo da moda com uma coleção que punha definitivamente um fim à guerra e ao desmazelo feminino que ela proporcionou. As modelos rodopiavam pela passarela com muitos metros de tecido em suas saias. As mulheres tinham se privado de tudo por seis anos, e por isso se lançaram sob essa nova moda como verdadeiras feras famintas. 

O retorno de Chanel

 Croqui de Chanel

Para seu retorno criou uma coleção de 130 modelos. O lançamento foi marcado para o dia 5 de fevereiro de 1954. O desfile foi um fiasco. Os jornais diziam: " Soubemos desde o primeiro vestido que o estilo de Chanel pertence ao passado" e "Foi comovente. Parecia que estávamos de volta a 1925 ". Os jornais afirmavam que ainda era cedo demais para tentar resgatar o período pré-guerra. Porém as mulheres gostaram da silhueta proposta por Chanel e a acharam mais moderna.  Nos revolucionários anos 60, Coco Chanel não apresentou nenhuma inovação surpreendente, apenas refinamentos em sua linha clássica. 

Coco trabalhando em seu atelier

Gabrielle trabalhou até o fim de sua vida. Faleceu em um domingo, no dia 11 de janeiro de 1971. No sábado, dia 10 de janeiro, Chanel ainda passou todo o dia juntamente com uma de suas assistentes revisando os vestidos que seriam apresentados na coleção de outono, como de costume no dia 5 de fevereiro. 

Gabrielle Chanel em 1923

O legado de Chanel

       Chanel foi a maior criadora de moda de todos os tempos. Ela fundia o masculino com o feminino, a dureza ao charme, a simplicidade ao luxo, o domínio a submissão numa obra prima paradoxal, que agrada à mulher moderna.
       Qualidade, conforto e proporção, que deixa parecer um corpo sexualmente atrativo sem o desnudar. Chanel conquistou a base da elegância masculina para si e para todas as mulheres que quisessem viver como ela. Instintivamente, reconheceu um dos princípios psicológicos mais importantes da modernidade: a liberdade de movimentos é poder. Ela libertou as mulheres da ditadura dos espartilhos e cintas, eliminou as saias amplas de múltiplos babados e franzidos. "Uma saia é feita para se cruzar as pernas, e uma manga para se cruzar os braços, " dizia.
           Lançou em 1926, o pretinho básico, que virou um grande clássico. Nos Estados Unidos a revista Vogue comparou o vestido preto de Chanel ao carro Ford, o sonho de consumo americano na época. Hoje em pleno século XXI, é peça estratégica no armário de toda mulher de bom gosto. Eterno! Chanel é eterna!

Propaganda da marca Chanel

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